"Metamorfose das Coisas"

Nesta instalação, nada é o que parece — ou melhor, nada é só o que parece. Cada objeto carrega dentro de si os traços de muitos outros. São formas híbridas, organismos de matéria, nascidos da fusão de utilidades e memórias distintas. Tudo se move, mesmo parado.
É uma instalação viva — não no sentido biológico, mas no modo como a vida acontece: em camadas, em mutações, em respostas ao ambiente. Os objetos aqui não são estáticos, contam histórias de adaptação, como um corpo que aprende a respirar outro ar, a caminhar por outro chão. Fragmentos de passado colam-se a pedaços de presente para formar algo que ainda não tem nome, mas pulsa.
Há algo de profundamente orgânico nessas metamorfoses, como se os próprios objetos tivessem entendido que, para permanecer, era preciso transformarem-se. Como seres em desenvolvimento, eles evoluem sem plano fixo, apenas guiados pelo instinto de continuar.
Cada peça é múltipla, e cada múltiplo, uma síntese. Não há descartes, só mutações. A matéria sobrevive, mesmo fora de função, porque encontra uma nova forma de ser.
E talvez, no fim, o que se veja não seja uma coleção de coisas, mas uma coleção de possibilidades.